MERCADO - MARKETING E COMUNICAÇÃO DIGITAIS
Chegamos à reta final do processo eleitoral. No próximo dia 28 faremos a escolha do próximo presidente e de governadores em vários Estados brasileiros. Preparamos um conteúdo especial para te ajudar nessa missão. Boa leitura!
Para escolher
Ainda não decidiu o que fazer neste segundo turno? Estudantes criaram um site que pode ajudar a resolver a questão: o Tô indeciso. Eles se definem como “uma iniciativa popular, sem vínculos políticos ou partidários” e comparam as propostas dos dois presidenciáveis de maneira simples e didática.
Iniciativas que procuram a verdade
Cansamos de ver ao longo do processo eleitoral a luta contra as correntes de notícias falsas em plataformas digitais. Chegamos ao ponto de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convocar as lideranças das campanhas dos presidenciáveis para falar sobre o tema e lançar uma página específica para esclarecer a população. Uma carta com sugestões de medidas que podem ser adotadas foi entregue ao TSE por sete entidades para ajudá-las a combater a desinformação generalizada relacionada a eleições no país. O próprio Facebook disponibiliza uma ferramenta para que o Tribunal possa combater as chamadas fake news. Afinal, durante as votações, como mostra o Aos Fatos, notícias falsas foram compartilhadas ao menos 1,17 milhão de vezes. O TechTudo ensina como denunciar notícias falsas no Facebook. O Nexo Jornal fez uma análise sobre estratégias de discursos de apoio ao candidato do PSL no WhatsApp. Enquanto isso, Bolsonaro quer reverter o limite de encaminhamento da mídia social, medida adotada pela plataforma para combater as notícias falsas. Elaborado pelo Instituto de Tecnologia e Equidade, mapa mostra como fake news relacionadas ao 'kit gay' se disseminaram entre eleitores [via IDGNow!]. A Folha de S. Paulo, em reportagem exclusiva, mostra que empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp com contratos de R$ 12 milhões. Prática viola a lei por ser doação não declarada. Os pesquisadores Pablo Ortellado e Fabrício Benevenuto, em parceria com a Agência Lupa, escreveram um artigo publicado no The New York Times e na Revista Piauí em que pedem ao Facebook a realização de mudanças no WhatsApp. Entre as ações, está a de limitar o número de notícias falsas espalhadas pelo sistema. A plataforma respondeu dizendo não haver tempo hábil para isso. Em tempo: o anunciante político que gasta mais dinheiro em anúncios no Facebook é… o próprio Facebook - para mostrar como ele está tentando evitar a manipulação das eleições [via Recode].
O buraco é maior
Muitas coisa ainda está por vir na relação entre política e mídias sociais. Reportagem do IDGNow! traz levantamento da SEMrush feito entre setembro de 2017 e setembro de 2018 com os termos políticos e sociais mais buscados pelos brasileiros. Buscas pelo termo 'fascismo' na internet disparam às vésperas das eleições. O mesmo site aponta que 30% dos brasileiros aprovam candidato usar fake news para se promover. Em entrevista à Pública.org, o pesquisador Aviv Ovadya aborda as principais consequências sobre a utilização de tecnologias avançadas para a produção de mentiras espalhadas pelas redes sociais. Segundo o especialista, há ainda coisas muito piores que estão por vir. Em outra vertente, o pesquisador de fake news, Gordon Pennycook, produziu um estudo sobre o tema e atribui a propagação de boatos à 'preguiça de pensar', afirmando que o levantamento aponta que as pessoas acham que sabem demais [via OGlobo]. A jornalista Júlia Elias lembra, em artigo publicado no Observatório da Imprensa, que em terra de fake news o jornalismo não possui morada.
Eleições do WhatsApp
O furo da Folha de S.Paulo sobre a compra de pacotes de envio de mensagens contra o PT por parte de empresários - o que beneficiaria Jair Bolsonaro - mostra a importância da plataforma neste pleito. A revista Época foi mais fundo na história. O time do Poder360 chama o caso de ZapGate e resume os fatos, além de mostrar também que o Facebook removeu uma rede de páginas pró-Bolsonaro por usar contas falsas e spam. Se comprovado o fato, o candidato do PSL pode ser punido segundo especialistas. Bolsonaro não negou as informações e disse que não pode controlar se havia simpatizantes fazendo isso (uma das empresas seguiu o mesmo caminho). O mesmo jornal lembra que o presidenciável havia proposto uma PEC que impedia juízes de bloquearem o aplicativo de mensagens quando ainda era deputado sob a alegação de liberdade de expressão e acesso à informação. Conforme relata a Abraji, a repórter responsável pela denúncia vem sofrendo represálias no ambiente digital. O TSE ficou na berlinda pela falta de posicionamento ágil sobre o caso e disse que vai investigar as empresas que teriam financiado o esquema de notícias falsas no WhatsApp, conta o El País, assim como a Polícia Federal [via Folha de S.Paulo], que também realiza operação, segundo a Veja, para investigar ameaças a candidatos nas plataformas digitais. Uma mulher foi indiciada por divulgar vídeo falso em redes sociais [via IDGNow!]. Especialistas acreditam que a plataforma do Facebook acabaram por esvaziar o debate.
Clima de guerra
Há uma grande tensão no ar, inclusive, com alegações (via El País) de que o ultra-direitista, Steve Banon, responsável pela campanha digital de Donald Trump nos Estados Unidos, esteja por trás das táticas de Jair Bolsonaro [via Nexo Jornal]. O especialista chegou a afirmar que o Brasil faz parte de um plano global. Rafael Azzi explica os efeitos dessa iniciativa. Outra guerra política está sendo travada via WhatsApp e o jornalismo não está dando conta disso. A rádio CBN lançou um filme para incentivar a reflexão do público sobre o momento de polarização social pelo qual o país está passando. Sem um debate televisivo, os dois postulantes ao cargo de presidente se enfrentam nas mídias sociais. O BuzzFeed também investiu numa série que traz mulheres anti e pró Bolsonaro. Jamie Bartlett, diretor do Centro para Análise de Mídias Sociais, parceria do think tank Demos com a Universidade de Sussex, aponta que as tecnologias favorecem líderes de perfil autoritário. O jornalista Juremir Machado pediu demissão ao vivo na Rádio Guaíba por ser impedido de fazer perguntas a Bolsonaro. Um estudo sobre o debate político nas principais mídias sociais dos EUA realizado desde 2015 pela antropóloga norte-americana Susan Mazur-Stommen oferece algumas indicações de como lidar com o ambiente contaminado por perfis falsos, robôs, trolls e fake news [via Poder360].
Na academia
Todo o debate sobre a polarização política e a ascensão da extrema direita também está presente na academia. Três artigos de especialistas passam por estas questões aqui, aqui e também neste link.
Fim da democracia
“Jair Bolsonaro pode acabar com a democracia brasileira. Ele é mais autoritário que Orban, Erdogan, Duterte, e até mesmo que Chávez. Se Bolsonaro vencer, o Brasil vai ficar mais parecido com a Venezuela.” É assim que começa o artigo do autor de Como as Democracias Morrem, Steven Levitsky, que é professor de Harvard, em parceria com Fernando Bizarro, doutorando da universidade [via Folha de S.Paulo].
Violência para além da internet
Cresceram os relatos de agressões físicas por motivações políticas nesta reta final do pleito. Um estudo da FGV mostra que comentários sobre agressões a gays, lésbicas e transexuais e outros casos de violência por conta das eleições geraram 2,7 milhões de postagens desde que 2º turno começou. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) organizou uma planilha para divulgar os ataques promovidos por intolerância política. A BBC também aborda a questão. A jornalista da Folha de S. Paulo responsável pela reportagem sobre a relação de Jair Bolsonaro e o uso do WhatsApp, teve seu comunicador invadido e o veículo precisou pedir proteção policial para ela.
Sextape?
Outra notícia que movimentou o noticiário foi o vazamento de um vídeo no qual o candidato ao governo de São Paulo João Dória (PSDB) apareceria em uma orgia. Uma perita, por encomenda de Veja, analisou o material e apontou que há fortes indícios de que seja falso.
Força aos votos
Foi bastante perceptível a influência da internet, mais especificamente das mídias sociais - e nas plataformas privadas -, nos resultados do primeiro turno das eleições. O G1 chegou a produzir um especial que compara o desempenho dos presidenciáveis na internet, na TV e no resultado da primeira etapa das eleições. O Huffington Post também traz 7 pontos para entender a relação entre política e internet e a Isto é Dinheiro conta que esta é “a eleição” das mídias sociais e do WhatsApp. Até mesmo os juízes que opinam sobre política no ambiente digital estão sob vigília, conforme explica o Valor Econômico. O Correio Brasiliense explica como o uso da internet e das mídias sociais como ferramenta eleitoral fez sete youtubers chegam ao Congresso Nacional.
Acompanhamento e cobrança virtual
Vale lembrar que o Facebook lançou o Portal do Cidadão, uma ferramenta que pretende auxiliar as pessoas a encontrar rapidamente, seguir e entrar em contato com seus representantes eleitos e agências governamentais. A ideia é aproximar políticos e organizações que atendem suas comunidades. Além disso, a principal plataforma digital da atualidade anunciou que está ampliando as políticas da rede social contra a supressão de eleitores, que são ações destinadas a desencorajar ou impedir que as pessoas votem, além de todas as iniciativas para combater a disseminação de notícias falsas.
Rapidinhas...
… ou o que andamos lendo!
- Mídias sociais colaboram para armadilha eleitoral;
- O Facebook e os atores quase governamentais do YouTube;
- O papel dos robôs e das redes sociais nas eleições deste ano;
- Militares, (des)informação e batalha política;
- Um hacker em segurança digital conta na Wired como comprou uma urna eletrônica pelo eBay,nos Estados Unidos, e aponta as suas vulnerabilidades.