Perspectivas para 2019



Estamos em 2019. Nesta primeira edição do ano, apresentamos para você uma visão macro de tendências no mundo digital. Tem muita coisa para ler com atenção. Aproveite! Desejamos que seja um ano incrível para todos.


CENÁRIO

Complexidade e incertezas

As transformações no universo político e econômico serão intensas. Fala-se em esgotamento do modelo capitalista, crescimento de linhas e conduções ditas direitistas, além das necessidades de novas formas de governar e operar o mercado. Assim como a política, as expectativas sócio-econômicas também andam bastante polarizadas. 

perspectivas de que será um ano bastante positivo [via CNI] - pelo menos até o fim do primeiro semestre - com a probabilidade de uma grande crise no segundo. Em termos corporativos, no caso do enfrentamento de dificuldades, teremos certamente um movimento ainda maior de consolidação em vários nichos, com fusões e aquisições pipocando para todos os lados. Há muitas forças orientando as mudanças da economia global.

O jornalista Carlos Eduardo Valim organizou informações das publicações The Economist, The Times e BBC e preparou um excelente especial para contar como deve ser 2019 em termos de juros, economia, emprego e diversas outras questões. É possível também encontrar uma boa análise do contexto que teremos de enfrentar em especial da revista Exame.

Em termos financeiros, a McKinsey traz um documento com as tendências e forças que vão direcionar os mercados no mundo todo, enquanto o documento do Banco do Brasil apresenta o ambiente nacional. Para completar, entender a configuração e como deve agir o novo governo brasileiro, basta conferir a avaliação feita pelo Poder360. E tem muita, mas muita coisa que vem pela frente.

Os avanços tecnológicos prometem romper barreiras e transformar completamente a forma como trabalhamos - com apostas de que roubarão muitos empregos, explica o UOL - ainda que o relatório do Banco Mundial sobre a natureza mutável do trabalho constate que o aumento da automação até agora teve um impacto insignificante sobre os empregos em escala global. As organizações vão requisitar muitas novas habilidades, teremos de reaprender um modelo de educação, de gerar e organizar o conhecimento. O envelhecimento da população [via Valor] como um todo avizinha-se, trazendo ainda mais complexidade ao futuro mercado de trabalho.


MERCADO

Mais do mesmo ou novos ângulos?

Ao avaliar grande parte dos relatórios de tendências para 2019, percebemos que novidades mesmo, daquelas ainda pouco discutidas ou emergentes, são poucas. Continuamos concentrados em alguns temas sobre os quais já falamos há cerca de dois anos. IoT (internet das coisas), inteligência artificial, blockchain, crescimento do vídeo como plataforma, realidades virtual e aumentada, entre outros, voltam a figurar nas pesquisas. O Ad Age [com tradução do Meio & Mensagem] até listou as furadas, aquelas tecnologias, plataformas ou modelos a se fugir neste ano que se inicia.

 

A diferença, agora, é que passamos a encontrar novas aplicações e já identificamos alguns resultados concretos - o que deve gerar ganhos de escala para estas tecnologias e recursos. Vale notar, entretanto, como mostra o vídeo das principais tendências apontadas pelo time do Trend Hunter, uma certa inclinação para temas mais abrangentes que tratam a tecnologia em si no segundo plano.

Vemos o relatório apontar, por exemplo, campanhas auto-reflexivas, ativismo adolescente, catalização do feminismo, redirecionamento das narrativas, além de temas amplos ligados à mobilidade e relações humanas. Assim como também encontramos a propensão, em 2019, de um equilíbrio maior entre a vida analógica e digital, como nos mostra o documento encomendado pela Ford.

Os estudos deste período demonstram uma predisposição para universos mais ligados ao comportamento, cultura, modelos, processos, em sobreposição ao uso do digital, como traz O Globo. As visões reforçam mais o olhar sobre o consumidor. Miram os efeitos provocados pelas inovações, como conferem o GlobalWebIndex e relatório da Ericsson.

Ao mesmo tempo em que vemos a ciência produzir cada vez mais coisas impensáveis, aqui e no mundo, também sentimos uma busca maior por valores sociais e propósitos, revela a Fjord, da Accenture.

O tradicional estudo da J.W. Thompson, Future 100, aponta os direcionadores para 2019 após um ano que eles classificam como um período de convulsões políticas, econômicas e ambientais. As tendências abrangem cultura, tecnologia e inovação, viagens e hospitalidade, marcas e marketing, alimentos e bebidas, beleza, varejo, saúde, estilo de vida e luxo.

Apesar disso, o olhar sobre os dados de todos os tipos continua intenso para orientar as estratégias das empresas, como salienta a visão dos especialistas do Cappra Institute. É a famosa cultura do data driven, nomeia a Ci&tT. Por esta razão, também - e claro, por todos os escândalos revelados em 2018 - a privacidade e os riscos de regulação de mercados que, até então, caminhavam por conta própria, também aparecem como um caminho ao longo dos próximos 12 meses [via Mailchimp]. Não foi um ano fácil para as gigantes de tecnologia. O Vale do Silício, entretanto, tem algumas tarefas a realizar.


TECNOLOGIA

A urgência da vida moderna

A velocidade é a talvez a característica mais presente das tecnologias do mundo moderno. E estas inovações, expõe Ronaldo Lemos, vão acelerar ainda mais a vida que levamos. As taxas de crescimento e a rapidez com que as tecnologias ganham mercado são surpreendentes, mostra a Singularity University.

Seremos atropelados pelo avanço da união entre tecnologia e biotecnologia, da internet das coisas, automação em todos os segmentos de mercado, munidas de muita inteligência artificial. Isso vai trazer muitos desafios para os tecnólogos, segundo IDC e Gartner. O que sugere a ascensão destas modernizações é o olhar dos investidores, empresas de capital de risco e analistas, diz a Fast Company.

Vamos ter de rever as formas de captura, retenção e, principalmente, proteção de dados das pessoas. O mundo “estará na nuvem”, indica o famoso Industry Outlook de tecnologia, mídia e telecomunicações da Deloitte. Telefones dobráveis, TVs de 8K e 5G também modificarão a rotina diária das pessoas, preconiza o MIT.


MARKETING DIGITAL

Amplo espectro de desafios

Todo este progresso vai transformar não só a maneira como os indivíduos agem, mas a forma como as organizações terão de conduzir seus negócios, orientadas por um público sensibilizado por uma inundação de novidades. E esta carga recairá especialmente sobre o marketing, estimulando até mesmo os líderes.

Mais da metade da população global conectada significa a necessidade de potencializar o digital nesta disciplina. São 3,5 bilhões de pesquisas do Google por dia, consumo de mais de um bilhão de horas de conteúdo do YouTube por dia. Além disso, há uma geração de US$ 1,474 trilhão em receita de vendas em 2017 - um aumento de 16% em relação ao ano anterior. A Accenture enumera os caminhos para a construção da ponte entre as marcas e os consumidores no universo digital em 2019. E os próprios executivos do mercado brasileiro dão o tom do que esperam, manifestado em pesquisa feita com participantes e palestrantes do Social Media Week no ano passado, em infográfico produzido pela MLabs.

Os impactos no comércio eletrônico serão enormes. A confiança e credibilidade sobre o conteúdo serão ainda maiores quando comparadas com anúncios - algo que já acontece mas tende a se intensificar. O que tornará indispensável a busca por mais criatividade, aconselha a Forbes. As forças do marketing de influência sobre as audiências também mudam seus eixos, informa a eMarketer. Consolidação do Instagram como plataforma de influência, profissionalização e empreendedorismo tomam espaço, transparência, honestidade e honestidade aparecem no foco, assim como micro e nanoinfluenciadores terão mais terreno na relação com as marcas.

O conteúdo, base do trabalho, dependerá cada vez mais de dados [SocialMediaToday] será potencializado - inclusive com reaproveitamento de informações do passado como conta o MarketingLand - assim como se tornará mais emocional, também. Exigirá, ainda, mais estratégia e inteligência de distribuição em um universo extremamente competitivo por atenção. O design será crucial para este processo por permitir unir a qualidade, profundidade e criatividade e até mesmo porque interfere diretamente na relação entre as marcas e seus públicos.

E muito do que vemos hoje, quando se trata de design e usabilidade, está sendo originado em um mercado em total expansão: os games. Esta indústria já vem ditando regras e ainda vai influenciar muitas decisões, na relação com os usuários. E isso se deve muito à forma da geração Z de enxergar o mundo, como propaga o Snapchat.

A estabilização das mídias sociais como um dos principais meios de acesso e uso digitais também vai mexer com os formatos. O vídeo, mais uma vez, reinará. Basta dar uma olhada nas reflexões de especialistas fornecidas ao Content Marketing Institute. Conteúdo em áudio (voz) também passa a florescer - já estamos vendo crescimento e mais relevância, por exemplo, no mundo de podcasts.


MÍDIAS SOCIAIS, MOBILIDADE E TELECOMUNICAÇÕES

Identidade na palma da mão (ou colado no corpo)

Como vimos na retrospectiva (se você perdeu, clique aqui para conferir), o ano passado não foi nada bom para a gigantes de tecnologias, em especial para as plataformas de mídias sociais. Para o Facebook, um dos mais afetados pelas crises de reputação no ano passado, há notícias boas e ruins em 2019, relata o eMarketer.

A identidade do consumidor digital estará no centro do debate, determina o Think Forward da We Are Social. Veremos a reafirmação de alguns processos e modelos como a solidificação do vídeo como formato, o smartphone como principal canal de acesso e a utilização de mídias sociais com perfis muito diferentes e a partir de faixas etárias, assegura o time do GlobalWebIndex.

Reconstrução da reputação e a necessidade de qualidade e retórica nas narrativas também surgem como propostas fundamentais, anuncia o Entrepreneur. Os cuidados com a forma como lidamos com imagens, igualmente, exigirão atenção, de acordo com as 100 principais tendências do Pinterest para o ano que se inicia. Uma escalada do Linkedin e, claro, a preocupação com os modelos de publicidade vai reinar para que se possa manter ou ampliar a rentabilidade das plataformas, sinalizam os relatórios do Hootsuite e do SocialBakers.

As mídias sociais também estão intrinsecamente ligadas à mobilidade. E, apesar de uma possível crise na Apple - um dos maiores fabricantes de dispositivos do planeta - os smartphones continuam sua rota de evolução. Boa parte das mudanças estarão concentradas nas câmeras. A popularidade dos dispositivos carrega junto a gigante esfera de aplicativos - além de relógios e pulseiras inteligentes -, registra o Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps no Brasil.

As pessoas permanecerão usando boa parte de seu tempo em conexão online. Este padrão por serviços digitais acelera o crescimento na indústria da mobilidade e, como consequência, pressiona os provedores de serviços, em resumo, as empresas de telecomunicações, que se verão obrigadas a investir em novas tecnologias. O famoso mobile payment pode se tornar viável de diversas maneiras.


MÍDIA (IMPRENSA), AGÊNCIAS E RELAÇÕES PÚBLICAS

Arrumar a casa ou morrer

A imprensa foi, sem dúvida alguma, uma das categorias mais punidas no ano passado. Foi um período crítico, já dizia a Reuters. E, assim como as plataformas de mídias sociais - das quais os veículos foram muito dependentes - vão ter de promover uma verdadeira revolução, se pretendem sobreviver.

A mídia se viu debaixo de uma avalanche provocada pelo digital, suas plataformas, sua desintermediação, suas notícias falsas. E, como aponta o 2019 Trend Report For Journalism, Media & Technology, vai ter de aprender a monitorar tendências, a incorporar alta tecnologia, a encontrar novos modelos de performance e rentabilidade. O mercado e o consumidor estão coagindo o jornalismo a se recriar, quando olhamos para a opinião de especialistas oferecida pelo NiemanLab.

O efeito cascata de tudo isso é a interferência direta em quem está intimamente ligado à mídia, de maneira geral. As agências de publicidade já tiveram um 2018 muito atípico, cheio de fusões, aquisições e reorganizações.

Agora, atacadas por todos os lados e com a internalização de muitas de suas ações por parte dos clientes, continuarão a repensar sua credibilidade, suas fontes de receita, suas culturas e, ao mesmo tempo, avançarem em definições de conversões bruscas de direção em seus modelos de negócios, conta o AdWeek.

Esse processo de consolidação e a visão mais ampla sobre comunicação fez com que grandes grupos de publicidade passassem a incorporar não só agências digitais ao redor do mundo, mas também aquelas especializadas em relações públicas. A diminuição dos veículos e a nova forma de fazer jornalismo acabou por reduzir o escopo das agências de RP.

Diante deste novo cenário cheio de adversidades, terão de aprender a lidar com menos dinheiro, enfrentar o uso de novos meios e tecnologias, refletir sobre a relação com stakeholders de maneira geral, reorganizar critérios de validação de influenciadores de audiências, como construir e contar novas histórias. Em resumo, passar por um processo de capacitação completa.


EMPREENDEDORISMO E FINTECHS

Mais visão e mais controle

Na prática são sempre os rumos da economia e da política que determinam o grau de risco que os investidores estão dispostos a correr. Como teremos um cenário global complexo, o aumento de produtividade deve encabeçar os movimentos dos empreendedores. Apesar disso, há muitas oportunidades.

O SBCoaching listou outras tantas frentes de transformações pelas quais passa o segmento como trabalho remoto, software como serviço, eventos presenciais, etc. Já o Sebrae/PR lançou um caderno de tendências que pretende orientar os pequenos negócios para tudo o que está por vir.

As fintechs, startups do mercado financeiro e que justamente por isso se destacam diante dos demais segmentos (afinal, é sobre dinheiro), também enfrentarão grandes obstáculos e terão de se reinventar ao longo de 2019, conforme aponta a McKinsey. Em contrapartida, podem se dar muito bem diante das portas que se abrem a elas, diz o Estadão.


Rapidinhas...

… ou o que andamos lendo!