Novos meios, velhos problemas e o grande censo digital




MERCADO - DIGITAL, MARKETING E COMUNICAÇÃO

Novos meios, velhos problemas

O jornalismo tenta sobreviver há alguns anos - mais especificamente depois que a internet ganhou escala global [via NiemanLab]. Foi preciso encontrar novos modelos de negócios que sustentem as operações, a rentabilidade e a influência que já alcançaram no passado. Especialistas apontavam que os novos veículos tinham compreendido e aplicado bem a dinâmica digital. Não foi bem assim. A audiência não se transformou em faturamento. Algo deu muito errado, como conta o especial do The New York Times. Foram mais de mil pessoas desligada de BuzzFeed (ainda que venha flertando com a lucratividade), AOL, Yahoo e HuffPost. Vice Media e Mic também anunciaram cortes. Os problemas são os mesmos da velha mídia. Assim como as soluções (a demissão de profissionais). Não há mais espaço - e nem dinheiro - para as experimentações, acrescenta a New Yorker ao debate. Luciana Rodrigues, general-manager da plataforma no Brasil, falou ao Meio & Mensagem sobre o processo de reestruturação global que atingiu o escritório de São Paulo. O jornalismo filantrópico, sustentado por fundações, também enfrenta dificuldades [via Poder360]. Tampouco os mercados financeiros parecem dispostos a investir e pagar ajudar a pagar as contas da imprensa, afirma o IJNet. A crise ultrapassa o limite da capacidade de investimento. Tem a ver também com confiança, credibilidade, relevância ao ponto de olharem para o blockchain como alternativa [via Journalism.co.uk]. Apesar das recentes notícias, a Vox anunciou lucro no ano passado e alguns jornalões tradicionais como o próprio The New York Times, Washington Post, entre outros, estão construindo uma trilha baseada em assinaturas. A circulação digital dos veículos de imprensa brasileiros também apresentou crescimento. Mas nem tudo é certeza. O que faz com que a análise tenha outra perspectiva: e se, simplesmente, não houver um modelo rentável e lucrativo para notícias no ambiente digital? Mais do que isso: e se descobríssemos que a crise enfrentada pode não ter relação direta com a internet, mas com a falta de adaptação dos veículos?

A grande pesquisa

A We are Social e o Hootsuite publicaram o grande estudo global digital que produzem anualmente. Mostra que os usuários da internet estão crescendo em média mais de um milhão todos os dias. São 5,11 bilhões de usuários móveis únicos no mundo hoje, um crescimento de 100 milhões (2%) no ano passado. Há 3,48 bilhões de usuários de mídias sociais, com evolução em 288 milhões (9%) desde o ano passado.

O que a gente quer

Ao passo em que o Facebook foi fechando as torneiras do alcance, as marcas migraram para o Instagram. Mas conquistar interação e público ali é mais complicado. Por isso, a gigante das mídias sociais publicou um relatório sobre o que os usuários do Instagram esperam das marcas. O Instagram apresentou um crescimento de 33,83% no número de seguidores em perfis de marcas brasileiras, mas apresentou queda no fim do ano passado [via Meio & Mensagem].

Mais um

Estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Nova York e Stanford, nos Estados Unidos, e intitulado “The Welfare Effects of Social Media” (Os Efeitos de Bem-Estar das Mídias Sociais, em tradução livre), conclui que deixar o Facebook de lado afasta os usuários de outras mídias sociais. As pessoas passaram a usar o tempo em atividades como encontrar com amigos e familiares ou ver televisão, além de verem menos notícias. Por fim, se sentiram melhores em termos emocionais, com aumento da percepção de felicidade e satisfação [via Tecmundo].

Crise na crise

Muitos jornalistas estão se queixando da rispidez e grosseria do Superintendente de Comunicação do Governo de Minas Gerais, Arthur Fernandes. Ele foi escalado pelo governador, Romeu Zema (Partido Novo) para as tratativas da tragédia em Brumadinho. As críticas apontam para falta de tato e preparo do profissional para lidar com a situação e com os processos de cobertura da imprensa [via O Tempo]. Os satélites usados para ajudar as equipes de resgate, após o desastre, ficaram mesmo de coadjuvantes. Por outro lado, o vice-presidente, General Mourão, atenua a relação com a imprensa que vem sendo sistematicamente criticada pelo presidente, Jair Bolsonaro.

Pegou mal

A Jendayi Cosméticos, marca de produtos de beleza, apanhou bastante nas mídias sociais. A empresa compartilhou uma foto da campanha-protesto que lançou pela tragédia de Brumadinho. Chamada de desrespeitosa e oportunista, trazia um ensaio, realizado em São Paulo pelo fotógrafo Jorge Beirigo, com modelos cobertos de lama interpretando as vítimas.

Guerra na mídia

Correio Braziliense e Metrópoles, dois dos principais veículos de imprensa de Brasília e, claro, concorrentes diretos, travam uma batalha, de acordo com o Poder360. Ambos enfrentam problemas financeiros e escândalos que já foram parar nas mãos da justiça. A briga promete ser longa.

Pra lá e pra cá

Ao mesmo tempo em que o Facebook anuncia a criação de um conselho independente para monitorar o conteúdo, responsável por decidir quais postagens devem ser removidas por ofensas como discurso de ódio e eliminar contas falsas, dá outra bola fora [via AdAge]: está sendo acusado de pagar adolescentes para instalarem um recurso que os espiona, informa o TechCrunch.

Chat profissa

Agora é sério: o anúncio de 5 milhões de usuários na versão Business ainda não foi suficiente para o WhatsApp, que quer mais. Esta semana, o aplicativo do Facebook anunciou novos recursos de atendimento ao cliente, criados especialmente para a versão de negócios do bate-papo on line. Com as mudanças, a empresa garante que o aplicativo ficou mais fácil de ser usado na área de trabalho e na Web, incluindo, a partir de então, vários dos recursos mais populares que estavam disponíveis apenas no celular. Isso inclui ferramentas para organizar e filtrar bate-papos, além de responder rapidamente às solicitações dos clientes.

Pecado iRiginal

A Apple foi "tendência" ao longo da semana e protagonizou as manchetes dos mais diferentes mercados, quase todos os dias, por diferentes razões. Primeiro, revogou temporariamente a capacidade de o Google distribuir aplicativos internos iOS, logo depois de fazer o mesmo com os privilégios do Facebook - numa decisão que causou estragos. Além disso, em outra editoria, seus acionistas andam preocupados com os resultados financeiros decepcionantes: as vendas caíram em 2018 e a receita, que era de US$ 88,3 bilhões em 2017, fechou o ano passado em US$ 84,3 bilhões - R$ 51 bilhões somente referentes às vendas de iPhones. Apesar de não parecer uma queda considerável, o medo é que os altos preços dos novos iPhones (baseados em dólar) prejudique ainda mais os resultados da companhia em países emergentes ou em crise, como Brasil e China - o câmbio e a redução de subsídios derrubaram as vendas em 15% em todo o mundo e o número de smartphones vendidos, sempre um orgulho da casa, sequer foi divulgado no balanço financeiro do ano. Para Tim Cook, aliás, o programa de substituição de baterias para iPhones antigos também pode ser um culpado pelo déficit. E para quem acha que acabou, ainda teve a divulgação da preparação da Apple News Magazine no iOS 12.2. Foi mesmo uma semana de maçãs para todos os gostos - ou não.

E agora, José?

Das grandes discussões que devem tomar o mercado em 2019: como os profissionais de marketing têm feito para alterar suas estratégias e tecnologias para digitalizar e velha e tradicional publicidade de TV? Como as empresas conseguirão métricas e modelos mais robustos que façam com que as plataformas conversem entre si? A e-Marketer avaliou estes desafios - e oportunidades também. E os anunciantes? Como ficam com essa nova maneira de distribuir recursos?

De olho no seu jabá

A Autoridade Britânica de Concorrência e Mercados (CMA) já recebeu o comprometimento formal de 16 estrelas "virtuais" em relação à mudança na forma de postar o endosso a produtos. O órgão regulador reprimiu esta semana a prática das empresas de pagar para divulgação de suas marcas, sem deixar isso claro aos seguidores. Alexa Chung, Ellie Goulding, Rita Ora, as modelos Chung e Rosie Huntington-Whiteley, a ex-Coronation Street e a atriz Michelle Keegan, o ex-ator de Towie Mario Falcone e o modelo James Chapman são alguns dos nomes de influenciadores que prometeram esclarecer aos seus fãs que foram recompensados pelo "espaço comercial" em seus canais digitais. A New Yorker questiona se não estamos no momento de regular, definitivamente, a atividade de influenciadores em mídias sociais.

Pois não, senhores

O Youtube está atualizando mais uma vez suas recomendações para ter certeza de que você deseja ver os vídeos que estão sugerindo, na esteira de suas escolhas. Este novo mecanismo levará em consideração as reclamações dos usuários de que as sugestões eram, em geral, muito parecidas umas com as outras. A empresa diz que seu último trabalho nesta direção foi impedir a sugestão de vídeos de clickbait com títulos e descrições enganosas, focando na satisfação do espectador em vez de pontos de vista. Isso inclui a medida de gostos, desgostos, pesquisas e tempo bem gasto. Agora, o plano é reduzir a quantidade de vídeos que promovem falsas curas para doenças ou "fake news" sobre eventos históricos.

Tendências visuais

A rapidez com que as coisas acontecem no mundo digital faz com que padrões e gostos também se transformem em alta velocidade. O time da Econsultancy preparou um especial com seis tendências visuais de web design que serão importantes ao longo deste ano.

Manda DM!

O movimento já se torna notável: os usuários estão migrando, aos poucos, para os aplicativos de mensagens particulares e/ou privadas - e elas, por fim, estão se transformando na nova "rede social" do momento. O hábito público e, muitas vezes performático, vem cansando as pessoas, que parecem buscar aos poucos uma comunicação mais intimista e próxima. O Facebook não só percebeu a tendência como já anunciou a possível unificação de seus sistemas de "privates messages" em um único aplicativo - e, claro, deve monetizar com isso. A Wired falou mais detalhadamente sobre esta mudança de comportamento.

Traumas de infância

Levantamento conduzido pela Karspersky indica que 39% dos brasileiros admitem postar fotos de seus filhos com poucas roupas em seus perfis nas mídias sociais em geral. 23% dos latinos-americanos, aliás, se arrependeram disso depois de uma publicação de seus filhos viralizar nas redes...

Dois legumes

Foi no Fórum Econômico Mundial: o Google anunciou investimentos de US$ 3,1 milhões adicionais na Wikipedia Foundation, uma organização sem fins lucrativos que a administra. Disse também que permitirá que seus editores usem várias de suas ferramentas de aprimoramento. Bonito, né? Dias depois, a gigante de tecnologia foi acusada de divulgar os hábitos de navegação dos usuários, incluindo informações sobre sua saúde, sexualidade, política, etnia e outras áreas, em violação às novas regras de proteção de dados. Ou seja...


TECNOLOGIA E EMPREENDEDORISMO

Fale com seu carro. Eu falaria.

Pesquisa realizada entre adultos americanos revelou que quase 60% dos motoristas do país esperam usar mais os assistentes de voz de seus veículos em 2019 - somente 4% demonstraram a intenção de diminuir o costume. Os números devem mudar - e muito - as decisões dos consumidores, na hora de escolher por um carro novo. E pensando nisso, algumas montadoras já planejam até mesmo jogos interativos de voz para seus clientes:

Jovens made in China

De olho no Instagram na ponta da "raia" e vendo o Snapchat cada vez mais afastado pelo retrovisor, a rede social chinesa Tik Tok desembarcou de vez no Brasil e já virou mania entre os adolescentes. Com seus vídeos curtos, filtros divertidos e um aporte avaliado em US$ 75 bilhões, o principal negócio da startup chinesa Bytedance está mesmo disposto a ganhar seu lugar ao escaldante sol brasileiro - já vale mais que o Uber, inclusive. 60% do público que circula por aí ainda é chinês, mas já tem brasileiro embarcando na onda - e até ganhando uma graninha, com o projeto de expansão da companhia no país. Enquanto isso, e de forma bem silenciosa, já testa um modelo de anúncios com apenas seis meses de vida...

 

Amazon "made in Brazil"

Alex Szapiro, country manager da gigante norte-americana no Brasil, disse ao Inova.Jor esta semana que a companhia enxerga o país em 30 anos, e não no curto prazo. Que o aumento das operações de varejo por aqui não está diretamente ligada à macroeconomia ou política, mas sim, ao potencial consumidor que a empresa enxerga - mesmo com os altos e baixos da nossa economia. E que aprender a geografia brasileira é mais assertivo para o negócio do que suas complicações jurídicas ou fiscais. Vale ressaltar que a gigante de e-commerce superou US$ 10 bilhões em receita publicitária no ano passado, quando os analistas apontavam para no máximo US$ 3 bilhões.

 

Entrevista com o "vampiro"

Cuidado: um robô pode estar mesmo cobiçando a sua "cadeira" de trabalho. Pior: deve ganhar. Estudo inédito da Universidade de Brasília avaliou mais de 2 mil ocupações profissionais brasileiras e concluiu: mais de 25 milhões de trabalhadores ocupam hoje vagas com alta probabilidade de automação, num futuro próximo. Engenheiros químicos, carregadores de armazém e até árbitros de vôlei integram este "grupo de risco".

 

Falso amor

Motivados por uma cultura digital, disponibilidade em tempo integral e acesso a muitas ferramentas e plataformas, jovens transformam o vício pelo trabalho em um estilo de vida. É o que conta a Época Negócios ao detalhar uma reportagem produzida por jovem jornalista do The New York Times.

 

Sem “Facecisco”

Tem gente por aí que não acha a tecnologia de reconhecimento facial lá grandes coisas… E vai além: acredita que os benefícios dela são apenas uma suposição que mascara o risco de perda de direitos e liberdades civis. Seja para combater o crime nas grandes cidades ou o tráfico de animais em regiões afastadas, o que é uma realidade para a segurança pública ou privada para uns é também uma aberração para outros. O membro da Câmara de Supervisores de São Francisco, na Califórnia, apresentou projeto de lei que proíbe o uso destas tecnologias de vigilância alegando que, na verdade, elas “intimidam e oprimem certas comunidades e grupos mais do que outros”, aumentando assim a injustiça racial e liberdade sem monitoramento contínuo.

 


AGÊNCIA

Empolgou

Levantamento feito pela Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) traz grande otimismo do universo da publicidade. O estudo apontou que 70,6% dos dirigentes das empresas do segmento acreditam que este ano será melhor do que 2018. De acordo com a pesquisa, este é o maior nível de otimismo já registrado entre as agências de publicidade [via UOL Economia].

 


ARTIGO

"Anote o número do seu protocolo"

As famílias já demonstraram sua insatisfação: estão cansadas de pagar uma média de US$ 107 mensais pelo serviço de TV a cabo, dando preferência às ofertas digitais mais magras em lugar dos cabos e suas dezenas de canais "inúteis". Aliás, até 2022, serão apenas 169,7 milhões de clientes - uma perda de quase 40 milhões de assinaturas já nos próximos anos. O streaming segmentado vai mesmo tomar conta dos lares e em tão pouco tempo?

 


DOWNLOADS

Mídias sociais e reputação

O estudo "Reputation Risk in the Cyber Age: the impact on shareholder value", realizado por Aon e Pentland Analytics, apresenta como as mídias sociais são responsáveis por amplificar o impacto que uma crise de reputação pode ter nas ações das empresas de capital aberto.

 

Comportamento do consumidor online 2018

Vindi, Neoassist e Anymarket, a Social Miner analisaram o perfil de consumo de mais de 35 milhões de pessoas cadastradas em suas bases. O resultado é um relatório com os principais dados de performance dos sites em 2018.

 

 


Rapidinhas...

… ou o que andamos lendo!